Raimundo Antônio da Costa Jinkings nasceu em 05 de setembro de 1927, no que era na época um pequeno povoado, Curumim, distrito do município de Santa Helena, banhado pelo rio Turiaçu, no Maranhão. Teve infância pobre, trabalhou desde menino, aprendeu diversos ofícios, enquanto aprendia, com o pai, as primeiras letras. Entrava na adolescência quando, na sua avidez de saber, em meio aos pertences do seu pai, descobriu o livro do filósofo alemão Schopenhauer, "As Dores do Mundo". Estranho e inexplicável: através de que meios teria ido parar Schopenhauer naquele cantinho do mundo?.
Aquela leitura foi o prenúncio de uma vida dedicada a lutar justamente contra as dores do mundo, contra a injustiça, pela liberdade. Sua paixão pela liberdade o conduziu ao Socialismo. Foi um dos fundadores do Partido Comunista Brasileiro.
Seu coração o prendeu, aos 21 anos, a uma menina de 15, e uma linda história de amor que sobreviveu a todos os golpes que a vida lhes desferiu (tantos!) durante 46 anos de absoluta cumplicidade.
Os cinco filhos que esse amor gerou cresceram, e formaram suas famílias. E a grande família, hoje acrescida de quatorze netos e um bisneto, guarda um troféu que é seu tesouro: a grandeza e a dignidade que herdou com o nome, JINKINGS, sua história, seu exemplo.
Sobreviveu às prisões e à perseguição sem tréguas, quando lhe tiraram tudo, até os direitos políticos. Recomeçou do nada e, com a companheira Isa e os cinco filhos ainda pequenos (Nise, Leila, Toninho, Álvaro e Ivana), em 1965 plantou a primeira semente da Livraria Jinkings. E bem a seu modo, continuou semeando a cultura e a esperança, lutando serena e corajosamente contra as dores do mundo...
Naqueles terríveis momentos, Jinkings e sua mulher também receberam a força da solidariedade, sem fronteiras, de suas famílias, de seus amigos, até mesmo dos que se encontravam fisicamente distantes.
Esse bravo, esse extraordinário guerreiro que foi vencendo, uma a uma, tantas batalhas, foi cruelmente abatido pela última delas, em 1995.
E então, num pedacinho de terra, ele próprio se tornou SEMENTE...
(por Isa Jinkings)
Leia matéria de O Liberal, de 02.03.1994